Menos de 24 horas depois de conhecido o resultado das eleições autárquicas de ontem, o assunto do dia não é tanto a vitória socialista, que muitos tinham como garantida, mas sim o desaire social-democrata. A candidatura perdeu a corrida à Câmara de Paredes de Coura, mas, mais do que isso, perdeu influência e votos, relativamente às autárquicas de 2005.
De nada valeu a José Augusto Sousa a coragem de enfrentar o actual autarca, instituído no poder há mais de três mandatos. De nada valeu a sua ousadia em fazer uma equipa "à sua maneira", com total liberdade por parte da concelhia laranja, como adiantou logo quando anunciou a sua candidatura, de tal modo que arredou do palco político, voluntária ou involuntariamente, nomes que até então tinham papel de destaque no PSD courense. Dito isto, logo se poderá apontar José Augusto Sousa, como mentor da lista social-democrata, como o principal responsável pelo resultado de ontem. E, sabendo-o responsável pelas suas decisões, estou em crer que não se vai esquivar dessa responsabilidade. Resta saber se se vai manter como vereador ou se, pelo contrário, como chegou a dar a entender no início da corrida eleitoral, não ficará na Câmara para assumir a derrota.
Ganham vantagem, agora, os que o criticaram pelas suas escolhas, nomeadamente do seu número dois. Albano Sousa não logrou ganhar sequer na sua freguesia de origem, onde granjeia uma posição de mérito e onde o PS não ganhava há bastante tempo. Até ontem... E onda afectou também a candidata à junta, que conseguiu um resultado pior que em 2005. DE um modo geral, aliás, praticamente todas as freguesias votaram PS para a Câmara, com excepção de S. Martinho de Coura e de Parada, onde o voto que deu a vitória a Anésio Barbosa em 2005, foi agora transformado numa confortável vantagem sobre o seu concorrente.
No lote dos derrotados surge também Arlindo Alves, da CDU. A nível concelhio, nas eleições para a Câmara e Assembleia Municipal, o partido cresceu, pouco mas cresceu, e na Assembleia conseguiu não só a eleição do seu cabeça de lista, mas também da número dois, Cláudia Alves, neta do director do jornal O Coura. Nas freguesias onde concorria, contudo, o cenário divide-se: por um lado roubou um mandato ao PSD na Junta de Freguesia da Vila, outra onde os social-democratas não conseguiram repetir os valores de 2005, mas perdeu quatro noutras paragens. As assembleias de freguesia de Agualonga, onde a CDU foi sensação em 2005, e de Resende, deixaram de ter representantes daquele partido. E em Formariz, onde Arlindo Alves encabeçava a lista comunista, dos três mandatos alcançados há quatro anos, conseguiram apenas um, deixando os outros seis a uma confortável maioria socialista.